terça-feira, 31 de março de 2009

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La jetée.

The Big Shave



IMDB | The Big Shave
Wikipedia | The Big Shave

Um homem barbeia-se, numa casa de banho fria. Os planos da lâmina a cortar através da espuma de barbear começam a revelar uma estratégia de automutilação. Fios de sangue escorrem pelo queixo do actor. Essa sensação horrenda, o cortar enquanto se faz a barba, é multiplicada ao extremo. Ao ver o filme a pele repele-se com o imaginar da sensação do corte da lâmina na face. A sensação de realismo é opressiva.

Nenhum homem conseguirá ver este filme sem sentir arrepios, calafrios e uma sensação de profunda revulsão na boca do estômago. The Big Shave é uma curta metragem minimalista realizada em 1967 por Martin Scorsese. O filme assenta numa estética fria mas intimista, centrado numa casa de banho vista ao pormenor e num acto, o acto de barbear, íntimo ritual da vida de todos os homens. A banda sonora sublinha o absurdo com um jazz popular de Bunny Berigan, I Can't Get Started que agudiza o carácter de impotência do filme. Esta é uma curta metragem perfeita, que em cinco minutos nos mergulha no universo pessoal de Scorsese. Quanto ao tema, sublinhado pelo seu título alternativo (Viet'67) os críticos vêem no acto de mutilação ritual ao barbear uma crítica ao envolvimento americano no Vietname, em certo sentido um acto de automutilação nacional. O filme pode ser visto no DailyMotion, pelos de estômago mais forte.

segunda-feira, 30 de março de 2009

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Inclinações.

The Bloody Ground



Bernard Cornwell (1997). The Bloody Ground. Londres: Harper Collins

The Bloody Ground é o quarto e último livro da saga de Nathaniel Starbuck, yanquee ao serviço dos rebeldes sulistas. Comparando com o primeiro, os personagens estão mais maduros, melhor delineados e endurecidos pelas violentas aventuras da guerra. O pomposo amadorismo que sustinha o tom de Rebel, primeiro romance da série, é agora substituído por nepotismos, cobardia, corrupção e traição. Starbuck, o jovem sem ideais do primeiro romance, é agora um endurecido oficial, anti-herói rude e angustiado, capaz da mais atroz violência para salvar os seus homens. O colapso sangrento dá-se na batalha de Antietam, ponto de viragem na guerra da secessão.

The Bloody Ground mostra-nos Cornwell no seu melhor, nas descrições pormenorizadas de batalhas que oscilam entre o narrador histórico apoiado nos registos e relatos e o narrador presente. A visão do leitor salta com mestria por entre a descrição histórica das batalhas, das estratégias e das decisões dos combatentes e a aventura violenta do campo de batalha. O poder de descrição de Cornwell é assinalável, fazendo-nos sentir a adrenalina e o horror da batalha.

Desconheço se o personagem de Cornwell continuou as suas aventuras pela guerra da secessão. Seria interessante ver que tratamento o autor lhe daria nos momentos finais da confederação sulista.

domingo, 29 de março de 2009

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Em verde.

Razões da Arte

"Actually i do not think that there are any wrong reasons for liking a statue or a picture. Somenone may like a landscape painting because it reminds him of home, or a portrait because it reminds him of a friend. There is nothing wrong with that. All of us, when we see a painting, are bound to be reminded of a hundred-and-one things wich influence our likes and dislikes. As long as these memories help us to enjoy what we see, we need not worry. It is only when some irrelevant memory makes us prejudiced, whe we instintively turn away from a magnificent picture of an alpine scene because we dislike climbing, that we should search our mind for the reason for the aversion wich spoils a pleasure we might otherewise have had. There are wrong reasons for dislinking a work of art."

E. H. Gombrich, The Story Of Art

sábado, 28 de março de 2009

Leituras

Urbeingrecorded | Dematerialize Tempos houve em que um filme, uma música ou um livro eram objectos tácteis. A prevalência da economia online e do digital como forma de divulgação de conteúdos desmaterializou os produtos culturais. A relação psicológica entre objectos de desejo e conteúdos de desejo foi irremediavelmente quebrada.

Schneier on Security | Security fears drive Iran to Linux Na terra dos mullahs, onde a microsoft também prevalece, o impulso para mudar é conduzido por uma dupla paranoia de segurança - a que todos sentimos (vírus, trojans e companhia), e uma sensação de espionagem típica de estados totalitários.

Next Big Future | Sorry Collapsitarians Os tempos de crise parece justificar as predições dos profetas do colapso, mas a combinação de tecnologia, criatividade, empreendedorismo não governamental e iniciativas públicas está a alterar (lentamente) o panorama de desastre económico e ambiental que é o possível colapso que nos é mais próximo. Mesmo assim nada nos garante que não sejamos invadidos por hordes alienígenas sanguinárias.

sexta-feira, 27 de março de 2009

La Jetée



Wikipedia | La Jetée

Uma criança cresce com a imagem de uma mulher na sua memória, gravada na mente num momento de visita ao terminal do aeroporto de Orly em que testemunha a morte violenta de um homem. Anos mais tarde, na rede subterrâneas de esgotos de uma Paris pós-apocalíptica, arrasada pelas bombas nucleares, o homem que foi criança é um prisioneiro sujeito a experiências científicas. Num presente desesperado, os cientistas procuram o segredo das viagens no tempo em busca de ajuda no passado ou no futuro. As experiências terminam na loucura ou na morte, mas a fixação do homem pela imagem da mulher torna-o resistente. Viaja pelo tempo, em sucessivas vagas, encontrado-se com a mulher dos seus sonhos. Ao ser enviado ao futuro é primeiro rejeitado pelos homens do futuro, mas estes acabam por o recompensar quando o sucesso da experiência dita a inutilidade do indivíduo. Encarando a execução como destino, podendo fugir para o futuro, o homem escolhe regressar ao passado, e encontra-se com a mulher no terminal do aeroporto de Orly, onde é assassinado sob o olhar de uma criança. O espaço e o tempo, passado e futuro tornam-se numa viagem pelo espaço psicológico, que termina num anel condenado à repetição.



Filme que influenciou o excêntrico 12 Monkeys de Terry Gilliam, La Jetée foi realizado em 1962 por Chris Marker. Filme de culto, aposta numa estratégia cinematográfica radical. La Jetée é um filme de imagens fixas, de diálogos esparsos e sussurrados, onde a narração é constante. A persistência da visão a vinte e quatro fotogramas por segundo é substituída pela persistência da narração a um fotograma por segundo. O filme assemelha-se a uma projecção de slides, constituído por fotografias cujos enquadramentos equilibrados contrastam uma estética de pausa com a estétca de movimento que esperamos do cinema.

Fortemente experimental, este é um dos mais curiosos filmes de ficção científica filmados no século XX. Pode ser visto no YouTube e no Dailymotion

Inteligência Emocional



Mais trabalhos do projecto Inteligência Emocional desenvolvido em EVT pelos alunos do 6º D. Acrílicos e telas, depois de exploração de geometria, collage e técnicas de pintura. Cliquem na galeria para visualizar os trabalhos dos alunos.

quinta-feira, 26 de março de 2009

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Na praia. Onde não estou. Dia todo à volta de cabos de fibra óptica, video digital e antevisão de switchs, routers e APs Cisco. São os milagres sazonais lusitanos: em véspera de eleições as coisas começam a mexer...

A vida...



Vídeo desenvolvido por alunos do 6º F em Área de Projecto, com o tema desenvolvimento do ser humano. Parabéns aos alunos por um excelente trabalho! Em particular porque graças às agruras de coordenação TIC em época de plano tecnológico estes grupo teve de trabalhar de forma quase totalmente autónoma.

quarta-feira, 25 de março de 2009

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Les bleus.

Leituras

Freakonomics | Workers of the World Dance! A nova China capitalocomunista: um teatro de Xangai vai levar ao palco uma adaptação musical de O Capital de Karl Marx. Estou cansado. Consigo ver inúmeras possibilidades para uma boa piada a seguir a esta notícia mas os meus neurónios recusam-se a seguir caminho (influencias trotskystas, talvez).

Colourlovers | How colour influences consumer behavior O Colourlovers analisa superficialmente a relação entre as cores e consumo. O post vale mesmo é por esta tabela de cores.

Bibliodyssey | Edo Monsters O sempre fascinante blog bibliográfico mostra-nos monstros japoneses em gravura. São os avózinhos do j-horror.

terça-feira, 24 de março de 2009

Leituras

MAKE | Lost Knowledge: Airships Na inexorável marcha das tecnologias, os saberes inadiáveis de hoje poderão tornar-se nas competências esquecidas de amanhã.

Gizmodo | Unmanned Warbots of WWi and WWII Com o livro Wired for War, sobre robótica militar letal, a fazer as delícias da blogoesfera tecnofetishista, o Gizmodo revisita os avós e bisavós dos Predators armados com mísseis da actualidade.

IntoMobile | Mobile Browsers Stump Hackers Se o Chrome se aguentou ao fim de um dia de ataques, outros browsers parecem ser impermeáveis ao hacking - os browsers para telemóveis e smartphones. A vastidão de versões e sistemas operativos, junto com a baixa capacidade destes dispositivos quando comparada com os computadores, são os factores que tornam estes browsers difíceis de quebrar.

Boing Boing | Free Stanford Videos about the Brain Seguindo o exemplo das conferências TED, a Universidade de Stanford colocou no YouTube videos de conferências sobre neurociência. A ver.

Futurismic | New found native life in the stratosphere Vida na estratoesfera? Investigadores do instituto indiano de pesquisa espacial descreveram três novas bactérias que proliferam... na estratosfera. Verdadeiramente vida nas nuvens.

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Azul, branco, ocre.

segunda-feira, 23 de março de 2009

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Pelas memórias. Constante no passado, presente e futuro.

Rebel



Bernard Cornwell | Rebel

Bernard Cornwell (1994). Rebel. Londres: Harper Collins.

Rebel coloca-nos nos primeiros meses da guerra da secessão americana. Um jovem nortenho, Nathaniel Starbuck, filho de pregadores e ex-estudante de teologia caído em desgraça, encontra refúgio junto da família de um amigo na Virgínia recém-secessionada. Aí encontra um imprevisível destino como soldado ao serviço da Confederação, ao alistar-se numa legião liderada e financiada por um patético coronel latifundiário com aspirações nobiliárias. O romance culmina na batalha de Bull Run, primeira das grandes conflagrações da guerra da secessão, onde Starbuck encontra a sua verdadeira vocação ao ser baptizado pelo fogo do combate.

Rebel é um livro com uma bem vincada divisão em duas partes. Na primeira, e mais longa, Cornwell monta o palco para a sua comédia. Detalha a chegada de Starbuck ao condado de Faulconer, cenário prototípico do velho sul, e retrata as figuras idiosincráticas do condado, que convergem na patética legião que representa as piores ilusões da política e da guerra. Por interessante que o autor tente tornar estas aventuras, e por importantes que sejam para o grande arco histórico do personagem, ler esta primeira parte é quase atravessar um lodaçal. Não é o que esperava de Cornwell depois do ritmo e mestria de Sharpe's Battle. Na segunda parte, o autor não desilude. O baptismo de fogo dos personagens, na batalha de Bull Run, é Cornwell no seu melhor, a descrever com precisão os movimentos, a excitação, o horror e o ambiente do campo de batalha. São cento e poucas páginas de leitura compulsiva, a contrastar com o esforço em ler a narrativa até este ponto crucial.

Apesar destes pontos fracos, Cornwell é um autor de sucessos que sabe o que faz e os momentos finais de Rebel dão imediatamente vontade de pegar nos próximos volumes da série. A história, essa, sabemos como termina. Está patente nos livros de história. Resta a curiosidade de saber onde vão parar as estórias entretecidas por Cornwell.

Respeitabilidades

(and now for something completely different)

O que me surpreende no fenómento toni carreira. O homem enche pavilhões atlânticos, vende cds à tonelada (e isso hoje é um milagre, com as quedas nas vendas de cds) e tem um clube de fãs que alista uma proporção substancial da população feminina portuguesa. É o cantor pimba mais bem sucedido de sempre. E está a ser tão bem sucedido que se tornou respeitável. Ao contrário dos restantes reis do pimba, não piadas sobre o toni carreira. Ninguém o goza, ninguém se ri com as palavras lamechas e as notas repetitivas. Imaginem um marco paulo, um emanuel ou um quim barreiros, indissociáveis como são do ar patético e apalhaçado que está arraigado a esta forma de música comercial portuguesa.

(e de onde vem esta minha cultura pimba? lembrem-se que trabalho numa escola dos arredores exurbanos de lisboa, onde a ruralidade convive com a suburbanidade. alguns dos meus alunos são fieis ao esppírito bailinho da paróquia.)

(back to our scheduled program)

domingo, 22 de março de 2009

Leituras

Twitter | Karl Schroeder Não sei quem é Karl Schroeder (uma googlada dá escritor de FC) mas estou a gostar das previsões para 2009. Particularmente das predições sobre ebooks.

Dose dupla de comics: o Grantbridge Street agraciou a blogoesfera com comics desenhados por Simon Bisley: Judge Dredd com doses saudáveis de ultraviolência e histórias curtas e cinicamente irónicas.

Chrome Is the Last Browser Standing at Pwn2Own Hacking Competition Boas notícias para os fãs do Chrome: o browser sobreviveu a um dia de ataques contínuos numa recente convenção de hackers. Um pouco melhor do que o Safari, que foi comprometido em cerca de 10 segundos (!!!).

Aces High

Aces High 01 Aces High 01 Artur Coelho #1 of legendary golden age comic, published originally by EC Comics.

Boa leitura para este fim de semana de enregelante primavera. Aces High é um lendário comic dos anos 50. Boa leitura.

The Time Machine



Wikipedia | The Time Machine
IMDB | The Time Machine

Ver este filme, gloriosamente colorido nas cores garridas do cinema technicolour dos anos 60, é uma das saudosas recordações da minha infância. Revisitar o filme não lhe retirou o encanto, permitindo-me vê-lo com olhos mais habituados às nuances e subilezas da FC sem perder o entusiasmo pela pura aventura.

Produzido e realizado por George Pàl, produtor responsável por alguns dos clássicos do cinema de ficção científica - A Guerra dos Mundos é uma das suas produções, The Time Machine adapta ao grande ecrã a obra homónima de H.G. Wells. A adaptação não é fiel. A narrativa sucede-se de forma similar à obra literária, mas o espírito social progressista do texto de Wells é trocado por uma forte mensagem pacifista.

Convém relembrar que The Time Machine, sob a pena de Wells, é uma parábola sobre a insjutiça social, para lá de um lamento sobre a inelutabilidade do tempo, que transforma as maiores obras e aspirações da humanidade em poeira esquecida. A metáfora dos Eloi/Morlock como um horrível deturpar das relações sociais entre a classe trabalhadora e a classe dominante é levemente abordada no filme produzido por Pàl. A tónica, comum à FC dos anos 50 e 60, coloca-se nas terríveis consequências da guerra. Reescrevendo o argumento com o benefício do conheciento da história, as pausas do bravo explorador da quarta dimensão levam-nos à Londres da I Guerra, à Londres debaixo do ferro e fogo do blitz, e a uma Londres dos anos 60, aniquilada por um ataque nuclear (a que o viajante miraculosa e incoerentemente sobrevive).

A estadia entre os Eloi adquire um carácter messiânico, com o nosso viajante, incompreendido na sua época, a tornar-se um líder para os adolescendes de cabelo dourado que são o principal prato na dieta dos Morlocks.

O melhor deste filme reside nos seus cenários, garridas visões de tecnologia vitoriana. A máquina do tempo é uma frágil jiga-joga de latão e veludo com luzes coloridas. O grande ponto alto do filme (felizmente, um longo ponto alto) é a viagem ao longo do tempo, cena clássica da cinematografia de ficção científica que granjeou ao filme um óscar pelos efeitos especiais.

Esta obra clássica do cinema pode ser vista em dez partes no YouTube. (E não me venham com a história dos direitos de autor. É um link para flash video pixelizado, não para uma torrente ilegal. Já tentaram encontrar cinema clássico por entre a lixarada que entope as estantes de dvds da fnac, por exemplo, que até é das lojas melhor servidas de dvds de cinema com mais de vinte anos?)

sábado, 21 de março de 2009

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Segundo dia de primavera.

Comments

Vou regressar à história dos comentários do Papa. A coisa suscitou fortes comentários, até mesmo neste recanto mais calmo. Mas sobre isto, sobre a mitificação de certas figuras públicas que desejamos que afirmem o que nós pensamos, deixo o link para o Bereshit. E encerro. Ponto final num assunto que é decididamente menor.

Por outro lado, não deixa de ser curioso que um post sobre onze mil milhões de euros de dinheiro dos impostos que vão parar ao bolso do homem mais rico do mundo não suscite nenhum resmungo mas um comentário sobre comentários do papa levante tempestades. Talvez as prioridades do consciente colectivo, essa massa de opiniões e comentários que faz o nosso dia a dia, estejam invertidas.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Hell of the Living Dead



Monsterhunter | Hell of the Living Dead
Wikipedia | Hell of the Living Dead

Este filme de 1980 realizado por Bruno Mattei é um sério candidato ao prémio de pior filme de zombies de sempre... o que é proeza, se pensarmos que este sub-género cinematográfico é fértil em filmes que continuamente redefinem o conceito de mau filme. Hell of the Living Dead é um daqueles filmes tão maus, tão maus, tão maus que se tornam divertidos. Mas a lógica fica do lado de fora enquanto duram os noventa minutos de filme.

Hell of the Living Dead nebulosamente envolve um acidente industrial/científico/pesquis perigosa (a coisa não é muito clara) que liberta um gás capaz de transformar homens em zombies. No filme, acompanhamos uma equipe de operações especiais e dois jornalistas que se embrenham pela selva da Papua Nova-Guiné em busca do segredo da epidemia zombie que se abate pelo mundo.

Porquê Nova-Guiné? Como já disse, este é um filme em que o melhor é deixar a lógica a descansar durante noventa minutos. Vá lá, que a lógica também merece umas fériazinhas de quando em vez.

Típico filme low budget, distingue-se pelo sábio uso de imagens de stock para prolongar os minutos de filme. É particularmente intrigante o uso feito a imagens da típica vida selvagem da papuásia... como dingos a atacar kangurus, grous e até manadas de elefantes. Qual será a possível lógica? Bem, Papua Nova-Guiné, Guiné, África, África, elefantes. É divertido ir fazendo estes jogos enquanto se vê o filme.

A sequência narrativa do filme vai-nos levando de cena desconexa em cena desconexa. É impossível não salientar algumas, como a da jornalista que corre semi-nua para uma aldeia tribal papua, ou outra cena que pode ser melhor definida como danças com zombies e homens de vestidos verdes (!).

Como já disse, tão mau tão mau que se torna bom. Um clássico do zombiexploitation.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Tetsuo



Allmovie | Tetsuo
Wikipedia | Tetsuo

Este é um filme que pode ser melhor descrito como um filho bastardo de Eraserhead de David Lynch e Videodrome ou The Brood de David Cronenberg. Tetsuo, o homem de ferro, é um daikaiju de culto, misturando o género terror com o típico filme de monstros japonês, com criaturas elaboradamente barrocas a destruirem-se a golpes de artes marciais. Mas Tetsuo não é um filme típico.

Filmado a 16 mm numa estética de elevado contraste de preto e branco, com um ritmo muito rápido e vincado de imagens entrecortadas, a remeter para O Homem da Câmara de Filmar de Dziga Vertov, este filme de Shinyu Tsukamoto é mais uma experiência audio-visual do que um filme tradicional. A narrativa, solta, gira à volta de um salaryman japonês que sofre uma violenta experiência transformativa após um encontro com um homem que implanta peças metálicas no seu corpo. Após o encontro, o elegante salaryman sofre violentas alucinações enquanto o seu corpo sofre metamorfoses metálicas. Um toque de Kafka, mas um toque não acordar e ver-se barata ao espelho, antes acordar e ver-se ciborgue reluzente envolto em cablagem metálica.




Filme de culto, Tetsuo é uma experiência audio-visual visceral, fortemente ritmada e cuja estética de preto e branco de fortes contrastes e baixa resolução vinca o carácter industrial do filme, conjugado com uma brilhante banda sonora de ruídos mecânicos que adensa a estranheza do filme. Os mais afoitos podem sempre testar este filme imperdível no YouTube.

Alegria



Uma pontinha de orgulho profissional, enquanto os alunos vão terminando o trabalho Pintar as Emoções. Alunos de sexto ano.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Beat the System



Grande capa da edição 1627 da 2000 AD. Politicamente incorrecta q.b.. Podemos sempre contar com Judge Dredd para doses regulares de fascismos futuristas. Parte do apelo desta capa, para além da minha costela de eterno adolescente, é que é mesmo assim que me sinto quando tenho que lidar com alguma componente do estado português. Batido pelo sistema.

Coisas que não percebo

Nunca percebi porque sempre que o Papa fala sobre contracepção erguem-se logo coros de vozes a acusar a igreja de ser retrógrada/medievalista/ter falta de bom senso/ser cega perante o flagelo da sida/insira aqui o seu resmungo favorito. O que esperam, francamente, que o Papa (e os altos responsáveis da igreja) diga? Esperariam que um comunista ferrenho defendesse os méritos do investimento em futuros e derivados de alto risco? Que um sindicalista elogiasse as políticas laborais do patronato? Que um capitalista ferrenho defendesse a distribuição equitativa da riqueza?

Então porque é que esperam que os altos responsáveis da igreja afirmem coisas que contrariam os dogmas sobre os quais assentam as fundações da instituição a que pertencem? Não faz muito sentido esperar isso.

Resta o concordar ou não com o que é dito. Pessoalmente não concordo, e são realmente posições que não levam em conta a contemporaniedade. Mas esperar que não sejam afirmadas é tão absurdamente irrealista como as posições em si. Trata-se de uma religião. Importante apenas para aqueles que escolhem acreditar.

Cinema Português



Criado por alunos do 6ºF a partir de clips recolhidos no YouTube, convertidos no Any Video Converter. O audio foi gravado no Audacity e a montagem criada no VideoSpin. Ainda precisa de umas arestas limadas.

terça-feira, 17 de março de 2009

Pintar as Emoções



Pegando na lista de emoções elaborada por Daniel Goleman em Emotional Intelligence, foram dados aos alunos vários temas de trabalho. O objectivo é representar emoções, e as fases do trabalho envolveram a geometria (para trabalho de formas abstractas), a collage (para explorar formas alternativias de manipular imagem) e a pintura. O trabalho final envolve pintura em acrílico sobre tela. Na imagem, a emoção representada é o êxtase. Trabalhos de alunos do 6º F.
Podem ir vendo os trabalhos que vão sendo terminados na página dos Pequenos Artistas.

A Rota das Especiarias




John Keay (2007). A Rota das Especiarias. Cruz Quebrada: Casa das Letras

Ainda hoje as especiarias conjuram visões de exotismo, de delícias culinárias legadas por culturas distantes, de coloridas substâncias cujas fragrâncias suscitam visões de um oriente longínquo e mitificado. A Rota das Especiarias é uma visão histórica do fascínio pelas especiarias, susbtâncias cujo real valor é quase nulo mas que levaram a inúmeras viagens de exploração em busca dos enormes lucros da venda de especiarias.

As especiarias não apresentam uma função bem definida. Não servem para construir objectos, como a madeira ou o metal, não servem como substâncias medicinais. As especiarias são a pura luxúria do gosto, e durante milénios foram por isso a espinha dorsal de um mundo que já era globalizado antes da globalização ser definida. Um mundo em que os dois maiores impérios desconheciam a existência um do outro, mas onde sedas chinesas e especiarias orientais temperavam os pratos romanos, e onde o ouro romano circulava nos portos do extremo-oriente.

John Keay traça a história do gosto e da procura pelas especirias, desde as lendas da antiguidade clássica das trocas comerciais pela rota da seda, da tessitura comercial do islão e da índia, das viagens exploratórias árabes e venezianas, do controlo das rotas comerciais conseguido pelos navegadores portugueses (neste contexto, mais conquistadores do que navegadores, mas a nossa mitografia pessoal insiste na nobreza dos heróis da nossa história, mesmo face às tremendas atrocidades que cometeram), e terminando na banalização das especiarias após as guerras comerciais a ferro e fogo entre holandeses e ingleses pelo controlo das fontes de origem das especiarias. Os holandeses venceram, legando-nos a Indonésia, e os derrotados ingleses legaram-nos a América do Norte.

Este é um livro de périplo pelo mundo e pelas histórias, que mescla a historiografia rigorosa com curiosidades que despertam a atenção. E termina com uma nota sentimental. Após milénios de intensa exploração, as especiarias históricas perderam a sua importância. As novas especiarias, que associamos ao velho oriente, foram descobertas no novo ocidente e incorporadas na tradição oriental. A malagueta, associada aos picantes indianos, é um caso típico: descoberta no méxico, destronou a pimenta indiana e tornou-se símbolo do picante indiano. Talvez seja esse o real sentido do livro de Keay: mostrar, através de um detalhe da história, como toda história da humanidade é uma narrativa de interligações e influências, de como nenhum homem, nenhuma cultura, sobrevive isolada.

segunda-feira, 16 de março de 2009

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Passeios matinais.

11.304.346,54 €

Deixem-me repetir: 11.304.346,54 €. Deparei com este número no fórum de coordenadores tic, onde um dos participantes partilhou o resultado de uma busca no Transparência na Administração Pública. Este valor representa o dinheiro gasto em licenças Microsoft, pago directamente à empresa ou através de terceiros, desde Novembro de 2008 a Fevereiro de 2009. Onze milhões e mais uns trocos, que poderiam ter sido perfeitamente poupados, ou melhor aplicados, caso o governo português seguisse o exemplo espanhol e investisse no software livre para a administração pública. E não me venham com a história que o software livre é muito complicado, pouco amigável, com bugs, só para cromos da informática, ou prejudicial. Se são dessa opinião, experimentem por o Ubuntu, por exemplo (para mim em particular o Ubuntu Studio, uma maravilha) ou outro dos lunux de última geração, e depois falamos.

Mas talvez esteja a ver a questão da maneira errada. Se calhar o incorrecto é instalar o Open Office a custo zero, em vez de estimular a economia com a aquisição do Office 2007, cuja versão mais básica oscila à volta dos 200€. E deveria, se calhar, desfraldar a bandeira do orgulho lusitano: em cinco meses demos uma singela contribuição para que Bill Gates regressasse ao topo da lista dos homens mais ricos do mundo.

domingo, 15 de março de 2009

My Life in Child Porn

Um depoimento recolhido no Wikileaks absolutamente assustador. Não só pela extensão da pornografia infantil enquanto indústria oculta e altamente lucrativa, bem como pela defesa atabalhoada de certos géneros de pornografia infantil com o argumento viciado de que se trata de expressão natural da sexualidade, e pelo sublinhar de casos de extrema violência sobre crianças. Mas tudo isto é old news, choca mas não surpreende.

O que surpreendeu foi a extensão das revelações sobre as capacidades técnicas dos administradores de sistemas envolvidos nas redes de pedofilia. Estão literalmente a anos-luz do comum dos mortais, com esquemas capazes de derrotar as mais elaboradas formas de combate ao crime online. É opinião do autor que a forma mais comum, defendida pelas autoridades, de combate a este género de sites - a filtragem, é inútil e contraproducente. Contraproducente porque é um gigantesco passo na aniquilação de liberdades individuais (com relações estreitas entre os proponentes da filtragem deste tipo de conteúdos e as indústrias que fazem dos direitos de autor cavalo de batalha contra tudo e contra todos). Inútil porque a sofisticação tecnológica é enorme. Filtra-se o quê, quando um site deste género encontra-se protegido e anonimizado atrás de VPNs, proxys cujo dns muda de poucas em poucas horas, partições ocultas em servidores, com o conteúdo espalhado por redes de inocentes computadores pessoais infectados com virus e cavalos de troia ou até acessível como máquina externa através de virtualização? Isto é assustador. Estará o meu computador seguro? Estarão os da organização onde trabalho seguros? Estará o seu computador seguro? Ou algures numa pasta oculta no disco rígido residem fragmentos encriptados de pornografia infantil, servidos através da internet? Note-se que este tipo de esquemas não é exclusivo deste tipo de cibercriminosos.

Para além da revulsão que ler um artigo que detalha e defende violência sobre crianças provoca, ficamos com vontade de limpar profundamente o computador. Eliminar todo o spam na caixa de correio (é um dos vectores de transmissão de cavalos de tróia/links comprometidos/links para sites de pornografia). Verificar a presença de rootkits e outro malware. Analisar as portas abertas nos computadores e servidores. E, mesmo assim, desconfiar. Porque há sempre quem esteja pronto a utilizar a maravilha que é a internet para as piores intenções.

(Via Que Treta! e Scneier on Security.)

World Builder



Um dia de filmagens. Um ano de edição. São as estatísticas desta cativante curta-metragem criada por Bruce Branit, fascinante pela singeleza da sua narrativa e pela naturalidade dos seus sofisticados efeitos digitais. Em World Builder, o mundo virtual constroi-se naturalmente, fluindo das mãos do construtor como desenhos e cores da paleta de um pintor. A construção física do mundo virtual é o sonho de qualquer um que tenha experimentado o 3D, a materialização da coisa mental que antevemos e sonhamos no interior da mente, e cujas ferramentas nos parecem tão cruas e complexas. Esta curta metragem termina com um toque de tristeza, uma lágrima a brilhar sobre a pérola que é este filme.

sábado, 14 de março de 2009

Simplex...



Oito da manhã, Odivelas Parque. Acompanhei a minha namorada no cumprimento de uma obrigação legal, a renovação do bilhete de identidade. Avisada da eficácia dos serviços das lojas do cidadão e conservatórias, optou por ir bem cedo, antes da abertura dos serviços. Ao chegar a fila já era longa e duplicou antes da abertura dos serviços. Obtida a preciosa senha de atendimento às nove e meia da manhã, depressa foi atendida. Estava despachada por volta das duas e meia da tarde. É a eficiência que se espera de uma secção do registo civil planeada para servir uma zona onde habitam dezenas de milhar de pessoas que tem, no sector destinado ao cartão do cidadão (outra das bandeiras deste governo), três funcionários no atendimento.

Quanto a mim, safei-me melhor. No tribunal de Mafra tratei do meu cartão de cidadão em poucos minutos, após uma espera de três horas. Menos de quinze dias depois tinha em casa a notificação para o levantar. Já o tenho, e só precisei de esperar hora e meia para me entregarem o documento.

O que me leva ao real motivo deste post: a revolta que sinto, como cidadão e contribuinte, perante a ineficácia de sistemas de atendimento aos cidadãos que obrigam a dispêndios incomportáveis de tempo para cumprimento de obrigações legais. As reformas da administração pública publicitam uma maior eficácia dos serviços, baseada em suportes tecnológicos, mas que na realidade se traduzem num desinvestimento bem real no atendimento dos serviços. Mais tecnologia, menos e mais sobrecarregados funcionários. A rapidez é um factor relativo quando para se efecutar uma tarefa rápida se perde um dia útil à espera.

Porque é que toleramos isto?

sexta-feira, 13 de março de 2009

Sexta, 13

Confesso que já desisti de planear as minhas sextas-feiras. A minha ideia ao chegar à escola era de terminar as gravações de um video com os alunos, publicar algumas páginas com recursos para o magalhães e eescolas em geral (uma ideia que ao lado dos prometidos workshops de audio, video e imagem digital são o meu grande par épico dos projectos prometidos e eternamente adiados), terminar uma acta que já me anda a empatar há uns dias e limpar os computadores do gigaestudo (trabalho faclitado com dois já a correr ubuntu. Se sobrasse tempo iria reformatar mais um pc para ubuntu, repor o SO num portátil, ligar ao técnico que nos presta apoio para um sos para ver se percebo porque é que um dos pcs cria um novo utilizador sempre que se liga com um utilizador já criado e começar a instalar impressoras virtuais. Sem esquecer a tutoria e a aula da tarde.

Na realidade, a única coisa que consegui fazer foi a gravação de video. Surgiu um magalhães para repor (processo que nominalmente dura vinte minutos mas na realidade demora o dobro) e outro com um problema grave de hardware. Aí, não toco, mas sinto pena de quem tiver problemas destes com o computador porta-estandarte deste governo. A questão do apoio técnico do magalhães é francamente nebulosa. O software foi despachado para as coordenações tic (que um decreto-lei recente extinguiu e um despecho desextinguiu). Quanto ao hardware... a questão da garantia não é clara, não parece haver um sistema de apoio técnico, e sabe-se de entidades que exigem pagamento por reparações a máquinas dentro das garantias. Note-se que o magalhães é um projecto de âmbito nacional mas ninguém parece saber onde levar a máquina caso ela avarie. A linha de apoio é notória pelos longos tempos de espera até ao atendimento.

(Mas estas questões nem se aproximam do "enorme" escândalo dos erros ortográficos no GCompris. Talvez porque dêem mais trabalho do que o desejado por deputados obscuros aspirantes a momentos de celebridade.)

A tarde foi passada às voltas com hardware. O touchscreen tft que serve o quiosque dos alunos pareceu fritar. O primeiro diagnóstico foi apoquentador. Ligar e desligar cabos, verificar corrente e nada. Nenhum sinal de vida. Só quando o estava a desmontar é que percebi onde é que estava a avaria: um pequeno deslize no apoio do ecrã pressionava constantemente o botão de ligar/desligar. Nada que não se resolvesse desmontando, limpando e voltando a montar. O problema foi o timing. A questão teve de se resolver precisamente na altura em que tinha de dar a aula do dia. Como resolver o dilema de estar em dois sítios ao mesmo tempo? Estando em dois sítios ao mesmo tempo. Dar um trabalho bem específico aos alunos, avisar os mais atrevidos que se se ouvir um zumzum espera-os um destino pior do que a morte e promover os mal-comportados a ajudantes para a reparação (pelo menos sempre aprendem alguma coisa). Não é muito ético, mas as coisas têm de funcionar.

Portanto, para quê cansar-me a fazer planos?

quinta-feira, 12 de março de 2009

Leituras

Operating System Interface Design Between 1981 and 2009 Um historial pictórico da evolução dos interfaces gráficos, do Xerox Alto ao Windows Vista.

Retrofuture urbanism: cities of the future Visões urbanas do futuro, algumas mais clássicas, outras mais contemporâneas. Em comum têm a perspectiva utópica de um futuro de alta tecnologia.

Slow computers are the only reason we still get breaks Valerá mesmo a pena ter computadores rápidos? É que o renderizar, fazer upload, reiniciar ou compilar são excelentes desculpas para pausa para café e cigarro. Ao que eu juntaria o repor sistemas operativos. São pelo menos vinte minutos de descanso.

Sharpe's Battle



Bernard Cornwell (1995). Sharpe's Battle. Londres: Harper Collins.

Wikipedia | Sharpe's Battle

Richard Sharpe é um homem de coragem, um consumado soldado que por mérito saiu das fileiras e foi elevado ao oficialato. Implacável em combate, é um oficial inteligente e astuto, defensor dos seus homens e capaz tanto de actos de compaixão como de actos de grande violência.

Sharpe, personagem criado por Bernard Cornwell, persegue as aventuras militares britânicas na Índia e envolve-se nas guerras napoleónicas, sempre fiel soldado ao serviço da coroa britânica. Um Hornblower das terras. Sharpe's Battle mergulha o capitão homónimo e o seu pelotão de fieis soldados nos momentos mais decisivos da guerra peninsular, quando as forças anglo-lusas de Wellington se vêem a braços com o forte poderio dos esquadrões do marechal Massena.

A Sharpe é dada uma tarefa ingrata: livrar as forças britânicas de um corpo indesejado de soldados, a fictícia Guarda Real Irlandesa, corpo de guarda ao rei de espanha, prisioneiro de Napoleão. As chefias militares britânicas temem uma traição da parte destes soldados, mas Sharpe vê neles um corpo de homens mal treinados, com líderes ineptos mas capazes de se tornarem um corpo militar endurecido. Contrariando as suas ordens, Sharpe treina estes homens num forte fronteriço português semi-arruinado, mas a experiência termina de forma catastrófica quando a Guarda Real quase é aniquilado pelos esquadrões do sanguinário brigadeiro Loup, pacificador da raia espanhola. Entre Sharpe e Loup existe um ódio declarado, que começou quando Sharpe executa dois dos soldados de Loup após deparar com o resultado de uma das suas acções de "pacificação", o massacre da população de uma aldeia raiana.

Caído em desgraça após o desastre, Sharpe redime-se liderando os restos da Guarda Real num ataque desesperado que vira a maré da batalha de Fontes de Oñoro, onde os exércitos de Wellington se digladiam até à morte face a forças francesas esmagadoramente superiores. Apesar da inferioridade numérica, de erros tácticos e de inúmeras traições (que fornecem boa parte do enredo do livro), a coragem de Sharpe e dos seus homens anima as forças britânicas, que acabam por vencer a batalha.

Sharpe's Battle é um interessante romance de aventuras passado na época violenta da guerra peninsular. A fidelidade e atenção do autor aos pormenores e enquadramentos da acção é notória, e a sua capacidade para descrever batalhas empolgantes quase faz sentir o cheiro da pólvora por entre as páginas. O romance agarra, fazendo-nos virar as páginas sempre em busca de mais uma aventura, de mais uma descrição, de mais uma refrega apaixonante. Este livro é uma boa introdução a um autor especializado no romance histórico.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Simplex

... no seu lado mais delicioso. Passar uma hora à espera na repartição de finanças para solicitar uma guia de pagamento e sair de mãos a abanar porque o sistema informático relativo a essa opção está a dar erro após ter sido recentemente migrado.

A sério, um destes dias compro uma caçadeira... just kidding. Na verdade tento não me irritar com os funcionários dos ineficientes serviços públicos. A culpa das ineficiências não reside neles. Também sou funcionário público (de carreira especial e etc e etc e etc, mas considero o meu trabalho antes de mais como um serviço público) e sei que por muito esforço que façamos não conseguimos vencer a inércia de um sistema de burocracia monolítica e bizantina. Mesmo com as digitalizações e processos electrónicos, a papelada que circula na administração pública deve equivaler a uma ou duas florestas do amazonas.

terça-feira, 10 de março de 2009

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So, it begins. Sempre a doer, sempre a 200. Duas aulas pesadas às voltas com tintas e modelações. Horas de tutoria e clube aproveitadas para apoiar alunos, repor sistemas operativos, ligar pcs à rede e tentar arrancar video da câmara para o computador. Instalar o caixa mágica versão magalhães no meu pc para testes no vmware. Pois. Torna-se difícil gerir os dias.

segunda-feira, 9 de março de 2009

GCompris - Erros linguísticos



Face às recentes notícias sobre erros linguísticos e de tradução nos menus de ajuda da aplicação GCompris, recomenda-se a actualização desta para as versões mais recentes. A questão surgiu na versão da aplicação instalada no sistema operativo Caixa Mágica. A actualização da aplicação é feita através do gestor Synaptic. Brevemente serão disponbilizadas instruções para efectuar a actualização.

20000 Million Miles to Earth



Wikipedia | 20.000 Million Miles to Earth
20.000 Miles From Earth Concept Illustrations

De entre os clássicos filmes de série B dos anos 50, 20000 Million Miles to Earth destaca-se pela mestria dos seus efeitos especiais. Típico filme de monstros, o filme narra a destruição causada por um enorme saúrio venusiano. Este quase arrasa Roma após ter sido trazido para o planeta Terra pela tripulação do primeiro foguetão a visitar o planeta Vénus, forçado a amarar junto à costa da Sicília. Apesar da sua invulnerabilidade, o monstro acaba derrotado nas ruínas do Coliseu.

O que destaca este filme é o trabalho excepcional de Ray Harryhausen, mestre dos efeitos especiais dos anos 50. O seu trabalho de stop motion atinge, neste filme, um dos seus melhores momentos. É em 20000 Million Miles to Earth que Harryhausen cria um dos seus mais memoráveis monstros, o Ymir, imparável lagarto venusiando capaz de derrotar um elefante numa típica cena inspirada na clássica luta entre King Kong e um tiranossauro. Esta cena, criada por Willis O'Brian para o King Kong original, é glosada inúmeras vezes por Harryhausen nos seus filmes como homenagem do mestre a quem o inspirou a aventurar-se nos minuciosos terrenos da animação stop motion.

20000 Million Miles to Earth é um filme a ver ou a rever, marco indiscutível na cinematografia de ficção científica mas, antes de mais, um dos melhores exemplos do trabalho de Ray Harryhausen como autor de efeitos especiais. O GoogleVideo tem o filme completo online.

domingo, 8 de março de 2009

Mania dos Quadradinhos

Para um viciado em comics e afins, a blogoesfera está a tornar-se um recurso preciosos. Os blogs que começaram a publicar críticas, recensões e reminiscências sobre banda desenhada começaram a evoluir para repositórios de páginas esquecidas de BD. O Mania dos Quadradinhos é um blog português que para além de uma enciclopédica lista de blogs a explorar está a publicar pranchas de banda desenhada clássica portuguesa. Junte-se a isto artigos interessantes sobre personagens clássicos da BD europeia e temos mais um blog de leitura obrigatória. Agora é hora de explorar e descobrir os tesouros esquecidos da BD portugesa.

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Quando tiver dinheiro... aliás, quando tiver algum dinheiro de parte, que ter dinheiro é coisa que nunca terei, adquiro uma máquina a sério. Há limites para o que se pode fazer com a câmara de um telemóvel.

sábado, 7 de março de 2009

Erros do Magalhães

O escândalo do dia prende-se com erros ortográficos na tradução dos menus de ajuda do GCompris, uma potente suite de jogos didácticos que corre no Linux Caixa Mágica.

À habitual exposição mediática dada a estes casos por editores em busca de notícias chocantes e jornalistas apressados juntam-se deputados em busca de exposição mediática que por muito entendidos que pareçam ser em leis e pareceres nitidamente pouco percebem de questões digitais. A reacção do ministério - ordenar a desinstalação do programa - é pura estupidez (mas estamos a falar do ministério da educação, o que não surpreende).

O GCompris agrega um conjunto de jogos (cerca de 80) drill and practice pensados para crianças pré-alfabetizadas e em início de alfabetização que treinam competências de memorização, cálculo mental, raciocínio lógico e introdução ao manuseamento do computador. É desenvolvido por comunidades de programadores sob licença GPL. É totalmente gratuito na versão linux original e simbolicamente pago para Windows (os programadores dizem que é uma forma de estimular o uso do linux). Sendo desenvolvido pela comunidade open source, significa que está constantemente a ser expandido e actualizado (o que torna ridícula a opção do ministério, altamente simbólica da literacia digital dos seus responsáveis). Para o actualizar, basta descarregar o último executável para windows ou em Linux actualizar através do Synaptic, isto caso as actualizações automáticas não tenham dado conta do recado. De acordo com o responsável pela equipe Linux Caixa Mágica, as actualizações mais recentes já corrigiram os ditos erros. Mesmo que não estejam totalmente corrigidos, a comunidade costuma ser muito ágil a responder a este tipo de situações.

Por outro lado, a real dimensão do problema é muito diminuta. A questão surgiu no GCompris a funcionar em Linux. Apesar do grande esforço de colocação e integração de um SO linux no magalhães, tenho sérias dúvidas que a sua utilização seja alargada. Afinal, o windows XP é a primeira opção de arranque do magalhães e aquela que é sem dúvida a mais utilizada, pela habituação ao SO da microsoft. Já me questionaram sobre como anular as opções de arranque do magalhães para arrancar directamente para o windows XP e mais dia menos dia ainda me irão perguntar como é que se limpa o linux para ganhar mais espaço no disco.

Os erros são lamentáveis, é certo, mas não são de longe o maior escândalo às voltas com uma das maiores bandeiras do corrente governo. Ao contrário do que vai sendo comentado nos media, o projecto magalhães está a ter uma aplicação atabalhoada, incoerente e mal pensada. A filosofia build it and they will come não costuma dar grandes resultados e o magalhães não está a ser excepção. Como exemplo, basta observar que a formação dos formadores que irão formar professores para tirar proveitos eficazes do uso do computador na sala de aula está agora a iniciar-se. É um pouco como se nos dessem um automóvel para conduzir e só bastante tempo depois nos levassem a umas lições de condução.

Uma história destas é um doce para os comentadores da paisagem mediática. Quanto a isso, dou uma sugestão: cortem e critiquem à vontade, em nome da liberdade de expressão. Mas para além da indignação, porque não juntar-se a um grupo de desenvolvimento de software livre? Ou à wiki e outras iniciativas abertas que tanto assustam aqueles cuja visão do futuro digital passa obrigatoriamente pela sua conta bancária.

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Obamicon.

Leituras

Futurismic | Coming soon the MRI job interview? Uma ideia que me deixa francamente assustado, a juntar às pesquisas pelos perfis online dos candidatos a empregos e dos perfis genéticos. A tecnologia a dar um toque 1984.

Gizmodo | HOTOL Lembram-se do HOTOL?

Pink Tentacle | Nihon Town A cultura pop nipónica é viciante.

iO9 | Wired for War O emergir da robótica militar com capacidade letal (terminators ao virar da esquina).

Flurb Last but not least, Rudy Rucker publica mais um número do seu ezine de FC. Leitura obrigatória.

sexta-feira, 6 de março de 2009

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Quando as imagens são muitas e o texto pouco, é sinal de semana muito pesada. Mas, chegado ao fim de uma semana de trabalho intenso e muitas reuniões, vejo que os meus dois pet projects da semana estão bem encaminhados. Neste momento, todos os portáteis da escola podem aceder às impressoras de rede e aplicações de gestão em conta própria através da rede sem fios. Com tanta introdução de ips e caminhos de rede já memorizei os principais (nerd alert). Só ficaram de fora duas máquinas em que me parece ser mais fácil uma reformataçãozinha do que me dar ao trabalho de alterar definições de rede. Libertam-se os directores de turma de na altura de maior sufoco se estrangularem nos poucos desktops disponíveis e talvez se consiga poupar papel. Se a sala tiver boa cobertura de rede é possível trabalhar durante a reunião de avaliação em directo no programa de gestão de alunos. A rede é mesmo o ponto fraco do plano, mas ainda vou ver o que posso fazer com umas trocas de aps.

Quanto ao ubuntu a coisa está oficializada, oficialmente sancionada e devidamente registada. Dois portáteis estão em dual boot com o ubuntu - tive que mexer no ficheiro de arranque do grub, algo muito fácil no ubuntu mas que em windows nunca me atreveria, digo, atreverei a fazer, para não assustar utilizadores incautos. Dois dos velhíssimos pcs do gigaestudo estão também a funcionar em pleno com o ubuntu. Parecem quase novos, e eu instalei a versão normal do SO. Noutro dos pcs a reaproveitar vou testar a versão light, a ver no que dá. O melhor elogio que posso fazer ao ubuntu é relatar a reacção de um aluno quando esta manhã lhe perguntei se queria ajuda para trabalhar no novo sistema operativo: mas isto não é o windows? Estava já na trabalhar naquele pc há meia hora e ainda não se tinha apercebido que não estava no ambiente habitual. Agora é deixar cozinhar em lume brando, aguardar uns dias até substituir os outros XPs. Há que criar habituação. Para além disso ainda não consegui perceber como instalar o open office 3 pt no ubuntu...

E assim se passou mais uma semana. Reuniões, pet projects, combater uns trojans irritantes, repor e instalar sistemas, resolver problemas complexos do género fn + f4 ou f7 para ligar o portátil ao projector e também... dar aulas. No meio de tanta aventura digital é bom não me esquecer que ainda sou professor de artes.

terça-feira, 3 de março de 2009

segunda-feira, 2 de março de 2009

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Sempre em frente.

Os Melhores Contos de Howard Phillips Lovecraft



H. P. Lovecraft (2008). Os Melhores Contos de Howard Phillips Lovecraft 3º Volume. Lisboa: Saída de Emergência.

Saída de Emergência

O tradutor e professor universitário José Manuel Lopes, em parceria com a editora Saída de Emergência, parece estar apostado em publicar em português toda a obra em prosa de um dos gigantes clássicos da literatura do fantástico. O que começou como um projecto de tradução desenvolvido por José Manuel Lopes com os seus alunos vai já num terceiro volume que francamente espero não ser o último. Confesso que daria a minha alma por uma iniciativa destas quando comecei a descobrir Lovecraft há cerca de quinze anos. Ao invés, fiquei-me por paperbacks aleatórios e pelos e-textos que iam surgindo online à medida em que expiravam os seus direitos de autor (e outros nem por isso, mas isso é outra conversa), bem como uma preciosa tradução de The Dreamquest Of Unknown Kadath editada na colecção Série B à décadas atrás, livrinho preto responsável pela minha paixão pelo escritor de pulps de palavreado entretecido do massachussets.

As traduções são sólidas e cuidadas, fazendo jus à riqueza estilística da linguagem de Lovecraft. Captam o espírito tenebroso e o sentimento de mistério da obra do escritor, com grande fidelidade ao tom original.

Este terceiro volume contém algumas das pérolas da obra de Lovecraft, finalmente traduzidas em português: Nas Montanhas da Loucura, o quase romance onde a exploração da antártida se mistura com os mitos de ctulhu, Os Gatos de Ulthr e o fascinante Para Além das Fronteiras do Sono. Como bónus, também é traduzido um dos piores contos de Lovecraft, o inenarrável Sob as Pirâmides, escrito para narrar aventuras fictícias de Harry Houdini a que Lovecraft deu o seu toque especial. Há quem considere Herbert West Reanimator o pior dos contos de Lovecraft, mas a história macabra grand-guignol do reanimador é altamente inspiradora.

Com os primeiros volumes a residir em muitas prateleiras, resta esperar o próximo volume de traduções da obra única de um dos grandes mestres do terror na literatura.

domingo, 1 de março de 2009

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Dies dominica. Passeio ritual pela vila da Ericeira com paragens na papelaria que fica mesmo ao pé do jogo da bola para adquirir as leituras da semana, e numa das esplanadas dos navegantes. Passeio pela praia para deixar a cadela contente e encharcada com os mergulhos no mar. Sair mesmo a tempo de não apanhar a chuvada valente que caiu. Almoço e lides domésticas, uma boa forma de queimar calorias. Para quê gastar dinheiro em ginásios e empregadas? Descansar com as leituras ao lado e talvez um olhinho ao filme que menos neurónios danifique a ser transmitido na televisão. Pegar no computador para uns tutoriais de ubuntu, para ajudar os alunos e muito particularmente os professores a ultrapassarem a reacção de "isto não é o windows deve estar avariado". Mas é domingo. Dia para levar com calma.